Os cães de trenó foram fundamentais para que os homens pudessem conquistar o mundo na Era do Gelo. Uma pesquisa publicada na revista Science, nesta quinta-feira, concluiu que os cães ancestrais – adaptados ao frio congelante – ajudaram os primeiros seres humanos a sobreviverem no Ártico há mais de 10.000 anos.
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“Ser capaz de mover grandes quantidades de materiais e alimentos por grandes espaços em terrenos tão difíceis teria sido uma grande vantagem”, disse Shyam Gopalakrishnan, geneticista populacional da Universidade de Copenhague e principal autor do estudo, juntamente com geneticista Mikkel Sinding. “Pode ter sido fundamental para os seres humanos se estabelecerem o Ártico.”
Para chegar a essa conclusão, o estudo comparou a genética de raças modernas de 134 cães de trenó – incluindo os huskies do Alasca e da Sibéria usados para corridas de trenós, bem como malamutes do Alasca e 10 cães da Groenlândia – ao DNA de um cão que viveu há 9.500 anos na ilha Zhokhov, acima o Círculo Polar Ártico, na Sibéria Oriental, onde foram encontradas evidências arqueológicas dos primeiros trenós para cães.
Os pesquisadores determinaram que as raças modernas de cães de trenó e os cães ancestrais compartilham muitos dos mesmos genes, formando uma linhagem distinta. Isso revela a antiguidade dos cães de trenó e sugere a importância dos animais para a sobrevivência humana à medida que os homens se espalharam pelo Ártico, perto do fim do última Era do Gelo.
O cão siberiano ancestral mostrou várias adaptações que o teriam ajudado a sobreviver em condições muito frias, como pelos mais compridos e espessas almofadas nos pés, o que pode tê-lo ajudado a correr ainda mais na neve e no gelo. As raças modernas de cães de trenó mantiveram essas adaptações, segundo o autor do estudo.
Domesticação de cães
A pesquisa também sustenta a ideia de que a domesticação de cães ocorreu cerca de 35.000 anos atrás (muito antes do que se imaginava). “Os cães já tinham populações diferentes 10.000 anos atrás”, disse Gopalakrishnan. “Portanto, a ideia original de 10.000 a 15.000 anos para domesticação simplesmente não se sustenta.”
Robert Losey, arqueólogo da Universidade de Alberta em Edmonton, estudou os trenós puxados por cães ancestrais na Rússia e na América do Norte. Para o especialista, os trenós puxados por cães modernos, onde até 20 animais conduzem várias pessoas, são diferentes dos modelos antigos.
“Meu palpite é que havia apenas um ou dois cães talvez puxando um trenó ou puxando um trenó em conjunto com as pessoas. E eles provavelmente carregavam mochilas nas costas”, disse. As revelações da pesquisa devem servir de impulso para a proteção desses animais, que estão ameaçados de extinção.
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